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Caso Genivaldo: nota de apoio à luta antirracista

Sintfesp-Go/To reproduz nota do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino.

 

Nesse momento de dor coletiva, o Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino deseja dizer a todas as pessoas, que o ódio e a indiferença, indutores dos golpes incessantes desferidos para nos fazer sucumbir à banalização da violência, não podem prevalecer.

O brutal assassinato de Genivaldo de Jesus Santos, cometido por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Sergipe, no último dia 25 de maio de 2022, registra o grave adoecimento da nossa sociedade. Transformar uma viatura policial em uma câmara de gás em plena luz do dia e torturar até a morte um homem, publicamente, diante de diversas pessoas, aponta definitivamente para o crônico e covarde sadismo atravessando as forças de segurança desse país.

Os vídeos revelados nos dias seguintes nas redes sociais -- nos quais instrutores de cursos preparatórios para policiais federais ensinam alegremente e atestam a eficácia da mesma prática, e manifestam seu racismo ao se referir a populações empobrecidas --, mostram que não se trata de um caso isolado. É parte do “modus operandi” do que existe de pior nas forças policiais brasileiras, fascinadas pela violência e presas em um submundo de pouca inteligência.

Apesar do tormento de vivermos em um ambiente público bélico e depressivo, alimentado pelos ataques constantes do governo federal a todas as estruturas do Estado Democrático de Direito, precisamos permanecer humanos. Apesar da raiva, do cansaço e da desesperança de alguns dias, precisamos organizar a rebeldia.

Devemos aprender a reconhecer todas as estruturas racistas que guiam a mão do Estado e apertam o gatilho incontáveis vezes, assim como improvisam câmaras de gás para matar pessoas pretas no nosso país. Para desmontá-las, uma a uma, precisamos nos preparar todos os dias para usar os recursos da inteligência e do pensamento crítico. Precisamos estudar, ler, debater, escutar, buscar todos os mecanismos possíveis para derrubar o vergonhoso pacto da branquitude. Esse pacto social silencioso de apoio e fortalecimento aos iguais de pele branca.

Os privilégios simbólicos, subjetivos e materiais, mantidos pelo reforço dos estereótipos racistas e das relações sociais de opressão de raça e classe, devem ser combatidos com palavras e atos todos os dias em todos os lugares.

Ao mesmo tempo, nosso afeto e atenção devem ser direcionados para fortalecer iniciativas, caminhadas, ações e expressões de vida de nossas irmãs e irmãos pretos. Só assim poderemos dizer que também somos antirracistas.

Goiânia, 30 de maio de 2022.

 

*publicação original nas redes sociais do Comitê Goiano de Direitos Humanos Dom Tomás Balduino


02/06/2022

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