Notícias

Alimentos essenciais cada vez mais caros no Brasil

Enquanto isso, Governo federal descumpre lei que estabelece como sua obrigação ter estoque regulador de alimentos, o que evitaria aumentos absurdos nos preços ao consumidor.

De acordo com estudo técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - DIEESE, treze alimentos que compõem a cesta básica de alimentos tiveram aumento médio de 20,97%, de agosto de 2019 a agosto de 2020.
Os campeões de aumento no período foram a carne (39,14%), o óleo (36,91%), o arroz (35,88%), o leite (34,76%), o tomate (30,10%), o açúcar (23,37%), o feijão (22,83%), a farinha de trigo (15,66%) e o pão (14,94%), seguidos de banana (1,56%), manteiga (0,61%), café (-4,73%) e batata (-24,25%).

Embora tecnicamente não dê para afirmar que há inflação (que ocorre quando há aumento generalizado em muitos outros itens, além dos citados), o fato é que o custo de vida da maioria da população brasileira está muito mais caro.

O motivo desses aumentos em alimentos tão importantes para a mesa do brasileiro, segundo a coordenadora técnica do Dieese em Goiás, economista Leila Brito, é um desequilíbrio entre oferta e a demanda. Ela explica: houve uma redução da oferta de alimentos pelos maiores exportadores de alimentos do mundo (como o Vietnã e a Índia, por exemplo), que priorizaram alimentar o seu próprio povo, além do que a técnica chama de apreciação cambial com supervalorização do dólar e desvalorização do real, o que faz com que o produtor priorize exportar em vez de abastecer o mercado interno.

Um outro fator muito importante para esses aumentos desenfreados de preços está numa falta de ação e descumprimento da lei 8171/91 pelo governo federal. A lei, sobre a política agrícola do Brasil, estabelece em seu artigo 31 como obrigação do Poder Público formar, localizar adequadamente e manter estoques reguladores e estratégicos, visando garantir a compra do produtor, na forma da lei, e assegurar o abastecimento e regular o preço do mercado interno. Os estoques reguladores devem contemplar, prioritariamente, os produtos básicos, destaca a legislação.

Segundo Leila Brito, desde o governo golpista de Michel Temer o governo praticamente zerou seu estoque regulador de alimentos, o que vem sendo mantido pelo governo Bolsonaro. “O estoque regulador é (ou deveria ser) uma medida de política econômica que visa impedir a alta especulativa dos preços de alimentos essenciais, com planejamento da oferta para impedir o desabastecimento interno”, explica.

Além desses fatores, nos últimos anos houve uma queda na área plantada de arroz (- 42%), feijão (- 34%). Área essa que chegou a ser de 15% do total das áreas de plantação de alimentos e agora é de apenas 6,8%, enquanto por outro lado houve exponencial expansão da área planta de soja e milho, basicamente para exportação.

“Infelizmente o cenário é de desmonte das políticas agrícolas e de políticas públicas que pudessem enfrentar essa realidade. O governo extinguiu o Conselho Nacional de Segurança Alimentar, extinguiu o Ministério do Desenvolvimento Agrário, acabou com o Plano Safra e com o programa Mais Alimentos, que possibilitava a compra de equipamentos agrícolas para pequenos produtores que são os que de fato põem alimentos de primeira necessidade na nossa mesa”, conclui Leila Brito.

Esse relevante assunto foi pauta de reunião periódica quinzena que o escritório do Dieese em Goiás tem realizado, com o objetivo de municiar dirigentes sindicais para o debate sobre os rumos do país. Do Sintfesp, participou a diretora jurídica Terezinha Aguiar.

 

Sintfesp-Go/To
Assessoria de Comunicação
Cláudio Marques – DRT 1534


22/09/2020

Boletim Eletrônico, cadastre-se:

 

Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência

Travessa César Baiocchi Sobrinho, Quadra F-19, Lote 10, Setor Sul

CEP 74080-130 - Goiânia - Goiás

(62) 3224-8232 | sintfesp@sintfesp.org.br